quarta-feira, 5 de novembro de 2008

DIA NACIONAL DA CULTURA


Em meu site de busca, se digito a palavra “cultura”, vou ter como resposta uma lista de sites. Se dermos um clic no primeiro deles, o link abre uma definição: “A palavra cultura abrange várias formas artísticas, mas define tudo aquilo que é produzido a partir da inteligência humana. Está presente desde os povos primitivos em seus costumes, sistemas, leis, religião, em suas artes, ciências, crenças, mitos, valores morais e tudo aquilo que compromete o sentir, o pensar e o agir das pessoas”.

Mais um clic e chegamos na Constituição “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. (Cap 3 seção 2 art 215).

Impressionante, entristecedor, desconcertante e acima de tudo vergonhoso, a forma como é tratada a cultura na nossa cidade, ou destratada, parafraseando Gil em sua procissão “...entra ano e sai ano e nada vem, meu sertão continua ao Deus dará, mas se existe Jesus no firmamento, cá na terra isso tem que se acabar.”

Grandes são os anseios da população que quer ver algo de concreto acontecendo nas políticas públicas para a cultura da nossa cidade. Como lá na definição, “várias formas artísticas” precisam ser estimuladas, é muito simples, falta gestão e vontade política.

Leis que disponibilizam verbas Federais e Estaduais para incentivo a projetos culturais, deveriam já ter se refletido nas ações Municipais, além disso, também precisamos de nosso próprio fundo de incentivo, precisamos de nossas leis. Precisamos de foco, na aplicação do dinheiro público naquilo que realmente pode enriquecer culturalmente o nosso povo.

Chega de bancar as carreiras meteóricas de bandas que foram criadas especificamente para enriquecimento financeiro, estimulando o “beber, cair e levantar” com um trabalho musical e cultural completamente pobre, difundindo valores e visões de mundo distorcidas. Temos que repensar o que termos como atração e referência para nossa população, repensar o formato de nossas “festas”, e pensar mais na nossa cultura.

Chega de dilapidar o nosso patrimônio, precisamos de investimentos na nossa memória, de um espaço onde as pessoas possam preservar seus bens culturais com dignidade e respeito.

Uma das ferramentas mais eficazes na mudança social, intelectual e na qualidade de vida das pessoas é o estímulo a projetos culturais, milhares de exemplos estão aí dando frutos e transformando nossos jovens, sendo mostrados na mídia, porém não vemos essas iniciativas na nossa cidade. Continuamos lendo, vendo e ouvindo as reclamações acerca da violência, mas não vemos as ações além da repressão, o que gera mais violência ainda.

Assistimos já a um longo período de estagnação, de falta de interesse, de falta de atenção, de debate, de falta de ação mesmo, é como se a cultura fosse um assunto completamente fora da pauta para o poder público. É como se não existisse nenhuma responsabilidade no passo atrás que se dá ano após ano e nessa lacuna, essa página negra escrita na história cultural de nossa cidade.

Isso precisa mudar antes que cause mais prejuízo à nossa terra!

Hoje, no dia nacional da cultura, se Ângela Rorô fosse santacruzense ela cantaria assim: “Perdoai-os Pai, eles só sabem o que fazem...”

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