terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ponto para a Torre...



Lendo os artigos do blog “Diário da Sulanca”, sem querer, me deparei com uma matéria que deixa um gosto amargo na boca daqueles que sempre relegaram a segundo plano a questão cultural de nossa terra. Os verdadeiros responsáveis pela matéria.

“Lula inclui no PAC duplicação da Rodovia do Jeans, a pedido do governador” essa é a manchete de hoje (sexta-feira 19) do site PE360GRAUS da Rede Globo.”

Uma cidade com o poderio econômico que temos sempre se deixando passar à frente pelos mais espertos. É um sentimento parecido com o de um artista que é roubado em sua autoria...

Mas é muito claro que isso é apenas uma questão de interesses (ou a falta deles) econômicos, políticos e de marketing. A campanha de desvalorização da palavra "Sulanca" que se faz ao longo dos anos só poderia resultar nisso... Talvez, alguns empresários de nossa terra tenham achado isso muito bom, até porque a Rodovia da Sulanca não agregaria valor, pelo contrário...

Enquanto os indecisos discutem em vão, quem decide é o que dá "status". O que temos de original e de mais significativo culturalmente sempre foi visto como ruim ou pobre, então, sendo assim, elegeram uma palavra estrangeira (e pior, que previlegia a divulgação de Toritama) para dar nome a uma estrada “aberta” por nós.

Enquanto não nos voltarmos para nossos próprios valores, enquanto o que temos de realmente nosso não for colocado em seu devido patamar, o importado sempre prevalecerá e o que é nosso será realmente legitimado como pobre e ruim.

Se ao invés de discutirmos se o termo Sulanca é perjorativo, estivéssemos divulgando-o com qualidade e como símbolo de qualidade a realidade seria outra. É o que os Estados Unidos fizeram com os termos “Jeans” e “status” e nós legitimamos (apesar de seus símbolos hoje estarem indo “por água a baixo”).

Mas enquanto fecharmos os olhos para nós mesmos, evitando os espelhos e sem tentarmos corrigir falhas enraizadas e que hoje já passam despercebidas, como a falta de aproveitamento dos nossos elementos culturais como base para criação de nossa identidade e elevação de nossa própria auto-estima, valorizando nós mesmos e o que é nosso, enquanto importarmos e adotarmos qualquer termo como um símbolo nosso, a colonização continuará mantendo nossos olhos sempre fechados e nossos “direitos autorais” sempre surrupiados pelos mais espertos e ficaremos sempre chupando o dedo.

E como a matéria que li conclui: “...talvez falte vontade política nos nossos representantes, e diante dessa ociosidade, Toritama se aproveitou e ganhou pra si própria o direito de batizar a rodovia...”