quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cinema para quem precisa!


http://cgretalhos.blogspot.com/search/label/FOTOS%20HIST%C3%93RICAS

O relatórioCultura em Números - Anuário de Estatísticas Culturais 2009”, pesquisa coordenada pela Gerência de Estudos e Pesquisas da Secretaria de Políticas Culturais do MinC se concentrou em cinco linhas culturais: oferta da cultura, demanda da cultura, indicadores culturais, financiamento da cultura e gestão pública da cultura. As fontes que alimentaram a pesquisa vieram de órgãos oficiais do Governo Federal como o IBGE e o INEP. Nele temos um diagnóstico da realidade cultural no Brasil que nos mostra a pujança da nossa cultura e as dificuldades com as estruturas de gestão e com o acesso da população a equipamentos culturais.

Quanto à salas de cinema, os números são insignificantes e muito desiguais, quando se compara as Regiões, os Estados e principalmente as capitais em relação ao interior. Das míseras 2.098 salas do país, apenas 273 estão no Nordeste, na Paraíba são 29. A maioria delas estão instaladas em shopping centers, são voltadas apenas para filmes do circuito comercial e têm o custo do ingresso muito alto, principalmente se compararmos ao poder de consumo dos cidadãos que recebem salário mínimo.

Na Paraíba e mais precisamente em Campina Grande, temos uma produção cinematográfica em crescimento acelerado, basta observarmos os números de filmes inscritos no festival Comunicurtas que em 2006, quando começou, teve apenas doze filmes paraibanos inscritos e no ano passado foram 51 curtas de cineastas paraibanos.

Toda essa produção, em sua maioria feita de forma independente, já que as políticas públicas de fomento a esse tipo de obra, no estado, ainda são muito tímidas, conseguem mesmo assim, se destacar nos festivais de cinema país afora e até fora do Brasil, no caso de produções campinenses como “O Buraco” de Taciano Valério, “Amanda e Monick” de André da Costa Pinto, “Depois da Curva” de Helton Paulino. Hoje os produtores audiovisuais do nosso estado estão cada vez mais preocupados com o apuro técnico, a qualidade do áudio e da imagem de seus filmes e a importância dos temas tratados. Temos cineclubes funcionando regularmente, mesmo sem uma infraestrutura adequada. Nosso festival, o Comunicurtas, está no seu sexto ano, cada vez com mais público, é o único evento cultural na cidade que ainda consegue ter uma plateia assídua e numerosa.

Apesar de todo o histórico de cinema – a cidade já contou inclusive com um estúdio de cinema, a Cinética Filmes Ltda. (1974 – 1985) e de toda essa produção atual, Campina Grande não conta com um espaço para exibição desse acervo.

No dia 10 de novembro de 1945, a Cia. Exibidora de Filmes inaugurou o Cine São José, um prédio de arquitetura Art Déco (hoje histórico e tombado) que deu início à “febre” dos cinemas de bairro que tomou conta de Campina nos anos 50.  Vieram depois o “Cine Liberdade”, o cinema “Brasil”, o “Cine Monte Castelo” e o “Rio Branco”. Todos se foram.

O patrimônio histórico nunca foi muito respeitado no nosso país, porém não podemos mais atrasar os tempos, (um ano de ocupação e luta pela revitalização do Cine São José) necessitamos de uma sala de cinema que atenda a nossas demandas, precisamos de um espaço exclusivo para a sétima arte, que possa exibir nossos filmes com qualidade, já que nos esforçamos tanto para ter filmes de qualidade.

O Cine São José está aí, de pé, não podemos deixar a oportunidade de termos uma sala de cinema histórica, com sua arquitetura preservada e restaurada, um espaço de formação (cursos e oficinas), produção (laboratórios de áudio e vídeo), exibição (tela grande de verdade) e mais, de discussão e intercâmbio de idéias e experiências cinematográficas (sala de reunião e espaço para entidades de audiovisual), de democratização (cinema a preços populares), de orgulho para a população (patrimônio histórico preservado). Não podemos mais nos contentar com espaços improvisados. Nossa produção é, hoje, tecnologicamente evoluída, madura e reconhecida a ponto de impor respeito e exigir um espaço que faça justiça à sua condição.

Esperamos contar com a sensibilidade, a responsabilidade e o respeito das autoridades competentes.

Cinema para quem precisa!

Um comentário:

rafaela gomes disse...

O nosso papel é alertar a população de forma geral para fiscalizarem de que forma o dinheiro da cultura está sendo investido nas cidades e nos estados desse país. Esse dinheiro, que já é pouco, se quer é gerenciado de forma coerente. Talvez, se nós nos importássemos mais com quem está lá em cima coordenando a coisa toda, algo acontecesse de verdade aqui em baixo...

Com alguém responsável gerenciando, com boas idéias sendo aplicadas no dia a dia, as pessoas se interessariam mais...

Todo mundo que leu este texto já sabe de tudo isso que eu estou falando. Eu não descobri a roda. Mas, o que você faz para mudar?

Temos que nos unir mais, para que nossas produções e festivais possam ir mais além que cinco dias mergulhados numa sala com um projetor.